Ganhar uma pistola da Glock à sua escolha; receber insumos para produzir munição e dar milhares de disparos todo mês pode ser o sonho de muitos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores), mas é só a rotina de quem integra o Team Glock Brasil, uma das duas equipes oficiais da fabricante austríaca no mundo.
O motivo? “O Brasil é o segundo maior mercado da Glock”, conta Mauro Thompson, capitão e fundador da equipe nacional, em entrevista ao THE GUN TRADE, realizada durante a COP International.
O outro time, por óbvio, fica nos EUA, maior mercado mundial de armas, onde a Glock tem uma de suas quatro fábricas, localizada na cidade de Symra, no estado Georgia. Das outras três, duas ficam na Áustria, e uma fica em Bratislava, Eslováquia, na fronteira com o estado austríaco.
As exigências do Team Glock
O patrocínio, no entanto, não vem sem exigências: os atiradores devem ficar no Top 3 do ranking nacional da CBTP (Confederação Brasileira de Tiro Prática), considerando o fechamento anual.
É com base nessa colocação que são recrutados, eventualmente, novos atiradores para a equipe. No entanto, esse é apenas um dos critérios. “A pessoa precisa ser querida no meio, conhecer bem a marca, saber lidar com os clientes”, diz Thompson.
Ele diz que isso é necessário pois todos atiradores da equipe são também embaixadores da marca. “As pessoas vão perguntar sobre os equipamentos para quem está praticando o esporte”, diz, sobre a necessidade de conhecer a fundo os produtos da empresa.
“O que interessa à companhia é a visibilidade de mídia para uma parte simpática da empresa, que é o esporte”, afirma. Ele diz que o pódio de seus atletas também faz parte do foco da Glock. “Nos esforçamos para ficar lá em cima”, diz.
A equipe também tem patrocínio da Inbramun (Indústria Brasileira de Munições), inaugurada em 2022, fornecendo espoletas e pólvoras à equipe, e também da Morigi Bullets, fabricante de projéteis.
3 mil tiros por mês, no mínimo
Indagado sobre o treinamento da equipe, Thompson afirma que o treinamento constante é imprescindível para o atleta.
“Hoje um atirador que tá na ponta, tem que dar no mínimo uns 3 mil tiros por mês, se não, ele não está mais lá”, diz o capitão do Team Glock Brasil.
“Para você chegar a um bom nível, você tem que treinar. Você pode até ter um dom para aquilo. Mas se não treinar, você não alcança o que você quer.”
Empresa promove curso de armeiro na Áustria
E sobre o conhecimento da marca e dos equipamentos, Thompson fala por si mesmo. Alguns dias antes da conversa com o THE GUN TRADE, Thompson estava na Áustria, em uma das fábricas da Glock, na unidade de Deutsch-Wagram.
O que é um privilégio para qualquer entusiasta do tiro, é uma obrigação para todo mundo que integra a empresa, em nível global. Por lá, funcionários e representantes ficam imersos na fábrica, num curso de armeiro.
No caso da visita de Thompson, esse era voltado aos empresários latinos que são representantes da marca.Com ele, estavam mais 15 pessoas de outros países.
O líder do time esportivo da Glock não estava lá à toa: ele carrega mais uma tarefa da fabricante austríaca, para além dos campeonatos. “Eu sou o encarregado para dar os cursos de armeiro para as instituições policiais e militares que adquirem as pistolas”, diz.
Além do curso, eles têm contato com a linha de produção, aprendendo mais sobre o processo de fabricação das famosas pistolas. O uso de celulares, durante a visita, é proibido.
A equipe Team Glock Brasil
Ex-advogado da União, Thompson tem 69 anos e participa do tiro esportivo desde 1982, tendo fundado a Federação de Tiro Prático do Distrito Federal, uma das primeiras do país.
É um dos nomes mais conhecidos no esporte, tendo já conquistado um campeonato mundial em equipe e um panamericano, além de dois vice-campeonatos.
No time Glock, ele usa, atualmente, uma G17 Gen5 MOS, com uma mira holográfica Aimpoint Acro C-2. participando da divisão ‘Production Optics Super Senior’. A categoria permite uso de miras ópticas nos equipamentos, e é destinada a atiradores com mais de 65 anos.
Além dele, outras três pessoas, se somam à equipe. Todas são multicampeãs no tiro prático:
- Guilherme Klaime, na equipe de 2016. Atira com uma G17 Gen 5 MOS, na divisão Production Optics. Tem três campeonatos e dois vice-campeonatos brasileiros de IPSC; um campeonato Pan-americano em equipe;
- Marcio Arendola, na equipe desde 2021. Atira também com uma G17 Gen 5 MOS, na divisão Production Optics. É Pentacampeão Brasileiro de IPSC 5 Overall e vice-campeão PanAmericano;
- Bruna Mirandola, ex-atleta Team Taurus/CBC, que entrou na equipe nesse ano. Atira com uma G34 Gen5 MOS, na divisão Standard Ladies (arma pode ter customizações, mas somente pode usar miras abertas). É Bi-Campeã Panamericana IPSC e sete vezes Campeã Brasileira IPSC