Migração de competências

CACs no Sinarm: PF vai contratar funcionários terceirizados e empresa para atender a categoria

Órgão deve contratar até 568 'digitadores' para realizar serviços para atiradores, caçadores e atiradores

Número de terceirizados será de 492 a 568, de acordo com estudo técnico da PF (divulgação/Governo Federal)
Número de terceirizados será de 492 a 568, de acordo com estudo técnico da PF (divulgação/Governo Federal)

A administração dos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) na Polícia Federal vai ficar a serviço de cerca de 500 funcionários terceirizados, além de uma empresa de prestação de serviços digitais, de acordo com documentos elaborados pelo órgão, que o THE GUN TRADE teve acesso.

O movimento se dá no escopo da migração de competências desenhada pelo governo Lula no decreto 11.615/2023, que foi publicado em julho do ano passado. Nele, é previsto que os CACs passem a ser responsabilidade da Polícia Federal, e não mais do Exército, até janeiro de 2025.

Entre os documentos vistos pela reportagem, há estudo técnico conduzido pelo órgão e tabelas de custo sobre os funcionários.

O órgão estima um salário mensal de R$ 2.500,00, com carteira assinada, para cada “digitador” —nome do cargo que será criado para atender as demandas dos atiradores esportivos, como obtenção de CR (Certificado de Registro); CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo); GT (Guia de Tráfego) e todos os outros processos que hoje ficam sob o guarda-chuva do Exército Brasileiro.

O custo anual estipulado pela PF é de R$ 35,9 milhões para o serviço, caso sejam efetivados 568 servidores. O número de empregados que serão contratados ainda é incerto, visto que o estudo afirma que as Superintendências da PF nos Estados chegaram a uma exigência mínima de 482 pessoas.

O órgão policial ainda prevê a contratação —via leilão— de uma ” empresa especializada na prestação dos serviços de digitação”, a ser executado com regime de dedicação exclusiva de mão de obra para a PF. O valor será de R$ 37,9 milhões por ano.

Exigências mínimas: ensino médio, termo de sigilo e inexistência de processos criminais

Segundo um dos documentos, os novos funcionários trabalharão sob a supervisão de um servidor efetivo da Polícia Federal.

Entre as exigências mínimas para se candidatar ao cargo (que ainda será anunciado oficialmente pelo governo nos próximos meses), está a obrigatoriedade de ter o ensino médio completo e de não possuir processos criminais.

Segundo um dos documentos vistos pela reportagem, esses servidores terão de assinar um termo de sigilo sobre o serviço, a fim de resguardar as informações dos CACs.

O estudo técnico da PF considera que “o posto de digitador se mostrou a melhor opção pelo custo benefício”, ante a “simplicidade dos serviços a serem executados”.

Sem acesso aos sistemas policias; exceto em ‘casos excepcionais’

De acordo com um dos documentos, os novos funcionários da PF terão acesso somente aos “sistemas corporativos de natureza administrativa não policial”.

No entanto, o órgão prevê que esses funcionários poderão visualizar sistemas e “bancos de dados de natureza policial” em ‘caráter excepcional’; e quando “restritos à necessidade do serviço, em caso de imprescindibilidade para o desempenho da atividade” para a qual ele foi designado. O documento não especifica quais serão esses casos.

“47 minutos por processo”

O número de funcionários mínimos (que o estudo chegou em 568 pessoas) é baseado numa análise sobre a demanda dos CACs no Sigma (Sistema Integrado de Gerenciamento de Armas e Munições) do Exército.

Segundo análise da PF, o Exército analisou 1,3 milhão de processos por ano, nos últimos 3 anos. Com base nesse número, o órgão afirma que os militares tiveram ” média de tempo empreendida de 47 minutos por processo”.

Quatro estados terão só um funcionário para serviço

Com a migração de competência do Exército para a Polícia Federal, a divisão dos CACs por RMs (Regiões Militares) deixará de existir. Será então feita por estado.

A PF estipula uma divisão proporcional de funcionários por estados. Em São Paulo, estado com a maior demanda, serão 126 pessoas administrando processos.

Quatro estados contarão com apenas um funcionário, de acordo com o estudo. É o caso do Acre; Amapá; Roraima e Sergipe. Veja abaixo a lista anexada ao estudo:

EstadoQuantidade de Postos
AC1
AL5
AM5
AP1
BA15
CE9
DF16
Delegacias da PF em Brasília29
ES4
GO53
MA6
MG55
MS16
MT19
PA10
PB5
PE11
PI2
PR50
Delegacia da PF em Foz do Iguaçu1
RJ18
RN3
RO9
RR1
RS54
SC38
SE1
SP126
TO5
Lista de terceirizados da PF por Estados para atender aos CACs (fonte: Estudo Técnico da PF)